quando o lateral escapou pela direita, você correu pelo meio, pedindo bola na entrada da área.
o passe veio forte, mas você não teve dúvida: bateu de primeira, com a parte de dentro do pé, tangenciando a bola, numa trivela invertida. o chute saiu com efeito, sem peso. parecia que ia para fora, mas descaiu, realizando uma “inspiral”, e entrou no canto do goleiro, que nem se mexeu. a torcida explodiu em êxtase.
no fim do jogo, taça erguida e felicidade geral. O repórter de campo veio entrevistar você, o herói, sobre o gol do título:
– que golaço, meu amigo! uma batida na bola com rara felicidade! conte como foi…
– cara, eu treino esse chute mentalmente há meses… sabia que ia entrar!
poucos entenderam o que você quis dizer. mas sua mulher, em casa, assistindo à transmissão, sorriu e chorou. você não era maluco, afinal: você estava treinando para fazer o gol do título.